segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A UNIVERSALIZAÇÃO DO ENSINO COMO PREPARAÇÃO PARA A CIDADANIA



A democratização da educação, em questão de permanência e acessibilidade, caracteriza o desenvolvimento inicial e mais importante de uma educação voltada para a cidadania. Por isso, a formação ideal para o exercício da cidadania é um dos principais objetivos da educação escolar. A lei 9394/96, em seu art. 2º, define que a educação é um dever da família e do Estado e que “tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania[...]”. Aristóteles, já no sec. IV a.C., afirmava a necessidade de uma educação pública, regulamentada pelas leis.
A educação ao longo da vida tinha como centralidade um direito humano básico, ou seja, era algo de direito à todos os seres humanos, conferindo ao Estado a garantia das condições necessárias. A partir de documentos da UNESCO, publicados há mais de 30 anos, é possível identificar que o princípio da educação era o da educação permanente, a  de uma educação ao longo da vida.  Esse princípio tinha como ideal uma educação voltada para o desenvolvimento do cidadão, para a sua autonomia, e participação na cidadania.
Nos últimos anos, com a reforma liberal no Estado, ocorreu uma mudança nas suas atribuições em relação à educação, passando a atuar segundo as regras do capital. O princípio da formação permanente, que passou a ser influenciada pela ideologia capitalista, deslocou o conceito anterior e deu ênfase apenas à formação profissional, à economia e ao mercado. Esse processo, a mercantilização da educação, reformulou não somente a educação para a formação, como, também, fez surgir a aprendizagem para a vida, uma nova política desse Estado neoliberal, no qual se foca apenas para a resolução dos problemas da economia capitalista e para a amplitude da individualização do homem, até mesmo no âmbito da competitividade. Tal como afirma Licínio Lima, e nas palavras de Carmen Sylvia, “subordinada à economia, vista como uma variável econômica, a aprendizagem instrumentaliza a vida, amputando-a de suas dimensões não (ou menos) mercantilizáveis, ignorando aspectos substantivos da vida ao longo da aprendizagem.”
Enquanto a educação de qualidade for privilégio apenas da elite, as preocupações das instituições com a formação dos alunos para o exercício da cidadania será restrita à seleção dos bons alunos. A escola, enquanto um local privativo para a classe dominante, não desempenha um papel relevante na construção de uma cidadania plena, pois não é democrática. A restrição do acesso ao ensino bate de frente com o ideal da própria cidadania, concentrando a formação de uma cidadania plena para poucos.

Autor: Gabriel Pinho




Referências:
Universidade, Formação, Cidadania. CHAUÍ, Marilene. Arroyo, Miguel e outros. (org. Gisleine Aparecida dos Santos, pela Editora Cortez, 2001).

Educação Permanente: Direito de cidadania, responsabilidade do Estado. MORAES, Carmen Sylvia Vidigal. FEUSP.

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